quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Novos planos






Novos planos de cenas que estão por vir. Aconteceu de eu estar nas últimas semanas revendo alguns materiais meus mais antigos, como esboços, estudos e testes para ilustrações e curtas que nunca realizei. Nestes materiais normalmente rimos de certas coisas que fizemos e hoje achamos engraçadas (ridículas até, em alguns casos), mas há certas coisas - neste caso, alguns desenhos - que gostamos muito, e encontrei alguns estudos onde distorcia perspectivas de cenários e os estilizava em alto contraste em preto e branco, além do traço estar muito solto e "rabiscado" de uma forma que muito me agradou, indo na mesma direção do que tenho estudado hoje. Em cima destas imagens, então, resolvi criar novas para algumas das sequências do curta, onde saímos das formas redondas/orgânicas de até então e entramos em possíveis cenários angulares e distorcidos. Acho que será um contraponto interessante à tudo feito até então, e ao mesmo tempo não saímos da estética geral do filme e nem da ideia de mergulhar na vida de um indivíduo, que representa toda a humanidade. Altos e baixos, glórias e infelicidades, o céu e o inferno... A relação do homem com ele mesmo é um dos principais temas deste curta, e espero que estes novos estudos aproximem ainda mais o material do seu objetivo. Em frente :)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Marcha Egípcia

Logo no começo deste projeto, há cerca de três anos atrás, quando a ideia ainda estava bem simplificada (e nem havia sinal de inscrever o projeto em editais nem nada assim), uma das primeiras trilhas que pensei em usar para o filme foi a Egyptian March, de Johann Strauss II. Ela tinha bem o clima meio caótico e ao mesmo tempo exagerado que eu queria - exagerado no sentido de amplo, vasto, onde tudo sempre cresce em demasia e fora de controle. Estes conceitos ainda permanecem válidos até hoje no projeto. Mesmo já tendo definido que vou desenvolver uma trilha original com um músico (meu amigo Daniel Albuquerque), esta pérola clássica ainda permanece uma referência para o filme.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Visões




     Imagens em processo, para a sequência intitulada "Visão". Após o "nascimento", há este momento onde o Homem ganha a Visão, e pode então enxergar além. Encontrar esse caminho no meio do monte de possibilidades que sempre me aparecem foi também uma visão interessante. Curiosamente, essa ligação me ocorreu durante uma aula na faculdade de filosofia (curso que retomei recentemente, por sinal). Ironicamente, não estava havendo aula, pois o professor ainda não havia chegado. No verso de uma folha de outra disciplina comecei a rabiscar, e a figura do olho me ressurgiu. De repente, vi um poderoso elo entre várias sequências que havia feito antes, mas que ainda não sabia como resolvê-las. Agora as coisas estão um pouco mais claras, no processo tão pessoal de se fazer este filme.
     Voltando às imagens, a primeira foi feita hoje mesmo, num estudo para o começo da sequência da Visão. A textura de fundo é algo que já buscava há tempos, e a melhor maneira de fazer que encontrei no momento é a digital, direto no Corel Painter, com a ferramenta do lápis de cor. Embora demore um bocado para uma imagem assim ser criada (entre 20 a 30 minutos), considerando a quantidade delas que imagino pra esta sequência (que será de algumas centenas), ainda vale todo o esforço, comparando com outras cenas, que bons resultados são conseguidos com frames feitos muito rapidamente. Enfim, mas cada uma é cada uma. Cada cena pede o seu processo e o seu tempo, tenho que respeitar isso. Já a segunda imagem é uma que já tenho feita há um bom tempo (cerca um ano atrás), mas que passou a não se encaixar depois fiz alterações (nova e novamente) as sequências. Se pensar porém do ponto de vista do Olho, fica bem interessante. Peguei então a imagem e fiz um olho na parte vermelha, e agora as coisas parecem se encaixar bem. Só preciso colocar o olho nos outros desenhos desta cena e o resultado deve ficar interessante.
     Como sempre comento, vários momentos do curta estão em processo simultaneamente. O bom é que não nos cansamos de uma sequência - ou melhor, até me canso, mas aí posso fugir pra outra, e renovar um pouco o "ar"... :)

     Já foi dito que o processo de se criar um filme de animação é algo muito solitário. Bom... eu particularmente concordo. Pelo menos da maneira como faço, onde crio meus trabalhos sozinho ou com mais uma pessoa, é tudo mesmo muito pessoal. Ao criar as cenas sem grande preocupação, de forma espontânea, como saem da cabeça,  cada vez me identifico mais (claro, resguardadas as devidas proporções) com a busca do mestre Norman McLaren, que sempre pensava em maneiras de estar mais livre, espontâneo, solto e dentro do seu trabalho, mais mergulhado, sem tantas etapas que distanciem o artista da sua obra. Pois, afinal de contas, cada imagem do presente trabalho deve ser concebida, executada, finalizada, digitalizada, tratada, ordenada, montada... e no fim de tudo isso, é muito fácil você se perder ou mesmo querer fazer tudo diferente, pois aquela chama presente na hora da criação inicial muitas vezes se apaga parcialmente ou então vai queimar em outro lugar. Isso não necessariamente é ruim, mas do ponto de vista do curta, as coisas ficam inacabadas ou feitas de uma maneira "mais ou menos". Voltando para o caso do "Círculo", claro que a criação direto no computador elimina vários dos processos que descrevi, mas nada tira o "sabor" das imagens criadas fisicamente. É só olhar para o efeito dos raios saindo do olho da figura, na segunda imagem, feita com nanquim diluído. Não há como se replicar um efeito de aquarela digitalmente. Por outro lado, retoquei esse nanquim digitalmente para ficar vermelho, e funcionou melhor ainda. Enfim! Fazer cinema, cada vez vejo mais, não é câmera, não é roteiro, nem atores, nem desenhos, nem pinturas, nem edição, nem nada disso. Aliás, fazer cinema nem sequer é cinema. É na verdade vida, é se criar vida. E para isso, o essencial, na minha humilde visão, é: tomar decisões. Fazer escolhas. O tempo inteiro. Mesmo que não se faça sentido, mesmo até que não concordemos, o importante é não parar. Em frente :)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fecundação e Big Bang


     Um estudo para a sequência do início, na verdade o fim do começo. Estou em processo de várias cenas, e esta é para onde os desenhos iniciais vão levar, seguindo nesta ideia de fecundação, e posterior nascimento, geração. Pretendo criar imagens que não pareçam diretamente com alguma coisa, mas que sempre estejam em mutação, em transição, em processo realmente. Logo, nesta sequência a princípio se vêem aparentemente espermatozóides e um óvulo, mas logo após penetrarem no núcleo, o resultado será semelhante a um big bang, e aí estas células estarão mais para galáxias, planetas e asteróides. E entre, claro, inúmeras outras interpretações. A animação experimental traz estas possibilidades: nem tudo é o que parece, e nem precisa ser.

     Também estou retomando a produção dos frames pintados fisicamente, com nanquim e acrílica sobre papel. Há desenhos de quase um ano atrás, que não via há muito tempo. Muita coisa mudou de lá pra cá, e enquanto há sequências que ainda não sei como vou resolver, há boas surpresas e cenas que se encaixam perfeitamente com as feitas com ferramentas digitais. A fusão suave entre as técnicas é outro objetivo deste curta; ao invés de fazer algo naquele esquema tradicional de "agora é a hora da parte em lápis de cor", "agora, a parte digital" e "por fim, a parte com xilo", onde tudo fica muito marcado, a ideia é fazer de fato tudo se fundir naturalmente. Claro, os momentos com as técnicas se alternarão, mas espero conseguir parecer que tudo seja uma coisa só, que a unidade do filme perpasse em cada frame, independente da técnica.

     Em frente! Em breve, mais dos processos simultâneos de produção :)